- Peri Dias
O que é visão sistêmica? Curso online explica essa abordagem

Quem já precisou ir ao médico para diagnosticar um problema de saúde entende, mesmo sem perceber, o que é visão sistêmica. O profissional da Medicina pode saber tudo sobre como funciona um determinado órgão, ser um craque nas cirurgias mais complexas, mas se ele não conseguir olhar para o estado geral do paciente, conversar com ele, ler exames e identificar o que está errado, o conhecimento específico não será muito útil, naquele primeiro atendimento. Assim como o médico precisa ter uma compreensão da condição geral do paciente e de como funciona o corpo humano, um gestor precisa da perspectiva completa de como a empresa opera e de como os seus departamentos se relacionam, para poder tomar as decisões mais acertadas.
De tempos em tempos, o professor Hélio faz uma piada ou cita algum exemplo engraçado a respeito dos temas que aborda, mas ele também traz, é claro, um conjunto denso de conceitos, importantes para qualquer pessoa que queira compreender melhor como funcionam as empresas e qual é o papel de quem as administra. Ao concluir o curso, o aluno terá mais clareza sobre as diferentes ferramentas de análise que pesquisadores e executivos foram criando, nas últimas décadas, com o objetivo de identificar a origem dos problemas que surgem em uma companhia e, assim, buscar soluções mais eficazes.

Para saber mais sobre o que é visão sistêmica no ambiente corporativo, leia abaixo um resumo de alguns dos principais conceitos que Teixeira compartilha no curso online do Veduca.
O que é visão sistêmica
Visão sistêmica é a capacidade de enxergar e compreender o todo por meio das partes que o formam. O professor Hélio Janny Teixeira explica que essa ideia não é nova. Surgiu nos anos 1940, por influência de autores como o biólogo Ludwig Von Bertalanffy. A partir de 1960, com a publicação de livros sobre sistemas, a visão sistêmica ganhou mais espaço nas empresas e, nas décadas seguintes, foi se popularizando.
O professor conta que existem dois grandes enfoques sobre as organizações e seus problemas reais: um que se concentra no todo da instituição e na relação da organização com o seu ambiente e outro que analisa as partes do todo e as ligações entre elas. Bertalanffy criou uma definição que se tornou fundamental para a Teoria Geral dos Sistemas: “Os todos são formados de partes interdependentes. Para compreendê-lo, é preciso analisar não apenas os elementos, mas suas inter-relações”. Teixeira aponta que o conceito resumido por essa frase norteia uma série de tendências adotadas pelas empresas desde os anos 1990, como Gestão pela Qualidade Total, Reengenharia, CRM, ERP e Inovação Aberta.
“São nomes que reinterpretam, reaplicam ou desenvolvem metodologias específicas, sempre com o princípio sistêmico”, ele diz.
Outra perspectiva que marcou o estudo da visão sistêmica, segundo o professor Teixeira, foi a do autor americano Peter Senge. Ele cunhou uma definição sobre a Teoria Geral dos Sistemas que se tornou clássica: “É a disciplina que visualiza o todo, reconhece padrões e inter-relações e aprende como estruturar essas inter-relações de forma mais eficiente e efetiva”.
Teixeira chama atenção para o peso que Senge coloca sobre a ideia do reconhecimento de padrões e inter-relações. O professor afirma que um dos principais desafios do pensamento sistêmico é justamente identificar adequadamente quais são as partes relevantes do todo. Ele lembra que algumas partes, quando observadas isoladamente, perdem significado e tendem a parecer pouco importantes, mas, quando aplicadas ao contexto que se analisa, ganham força. É por isso que a análise das partes de um processo, por exemplo, deve sempre levar em conta não só o valor de uma atividade em si, mas também como ele modifica as demais atividades.
Como entender os componentes do todo?
Depois de conceituar o que é visão sistêmica e contar como ela surgiu, o professor parte para uma segunda etapa de reflexão, relacionada a como entender que partes formam o todo e como se conectam umas com as outras. Teixeira comenta que, no caso de uma empresa, é importante que seus líderes conheçam um pouco de cada área da companhia, mas, sobretudo, que estejam abertos a um conjunto de ideias e enfoques, cada qual adequado a um determinado objetivo.
“Não é válida a ideia de que as abordagens do passado não são mais úteis. Em Administração, eu preciso justapor, combinar e selecionar enfoques, pois não há um que dê conta isoladamente. O enfoque mais abrangente, potente e elegante é o sistêmico”, avalia o professor.
Ele faz uma ressalva bem-humorada, porém: “Se eu falar que eu tenho enfoque sistêmico com uma perspectiva estratégica, em uma entrevista, é possível que eu seja recrutado. Agora, se eu não tiver conteúdo para aplicar essas coisas, é capaz de eu ser despedido logo em seguida”, brinca.
Teixeira lembra que, nas últimas décadas, ganhou força a compreensão de que é fundamental que o gestor disposto a usar a visão sistêmica lembre-se que, além de identificar as partes e suas relações, com base em diferentes ferramentas, ele deve considerar os fatores externos à empresa. Essa ideia desenvolveu-se a partir dos anos 1970, quando estudiosos da Administração começaram a retratar as organizações como sistemas abertos, ou seja, formados por subsistemas que interagem entre si, mas também com o ambiente externo.
O sistema aberto funciona, nessa abordagem, a partir de etapas bem definidas de interação com o ambiente externo: entradas (de informação, de matéria-prima, etc), processamento
(o que a empresa faz), saídas (produtos, serviços) e objetivos (o resultado das saídas, em geral, o lucro). Essa dinâmica, que se retroalimenta constantemente, contribui para entendermos como as companhias interagem com o mundo. Dessa ideia, surgem, ainda, conceitos importantes, como o da eficiência. Para a visão sistêmica, eficiência ou produtividade podem ser analisados observando-se a relação entre os recursos necessários para criar um certo produto e o valor desse produto final, ou seja, quais são as entradas, quais são as saídas e, portanto, que qualidade de processamento a empresa faz.
Com essas ideias bem delineadas, Teixeira avança, em seguida para um passeio pelas aplicações da visão sistêmica nas empresas e para uma explicação sobre como a visão sistêmica ajuda a entender o papel do gestor nas companhias.
Quer saber mais sobre o que é visão sistêmica?
Neste vídeo do Exame.com, a Diretora de Transição de Carreira e Gestão da Mudança na LHH, Irene Azevedo, explica que a visão sistêmica surgiu na Ciência e, depois, foi levada para a Administração de Empresas.
O ecologista Eric Berlow resume, em um vídeo da plataforma TED, como é possível simplificar problemas complexos, ao destrinchar amplos conjuntos de informação em partes menores e identificar como elas se relacionam. O foco dele não é a visão sistêmica nas empresas, mas vale a pena assistir à sua palestra, para refletir sobre como a análise das partes ajuda a compreender o todo e vice-versa. Conheça todos os cursos online que estão esperando por você!