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  • Peri Dias

Aplicativos contra o assédio no trabalho protegem vítimas e empresas


Desde que o tema do assédio sexual ganhou espaço central na imprensa e nas redes sociais, graças ao movimento Me Too, aplicativos contra o assédio no trabalho têm conquistado um número crescente de adeptos nos Estados Unidos.


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Focadas em contribuir para a eliminação dos abusos cometidos no ambiente corporativo, essas ferramentas foram desenvolvidas por startups, empresas iniciantes de tecnologia que buscam um espaço no mercado por meio de inovações. Elas se multiplicaram especialmente depois que celebridades de Hollywood uniram-se em uma campanha para denunciar o assédio que diretores, atores e produtores de cinema cometiam contra as mulheres desse setor.


Como explica esta reportagem do jornal The Washington Post, publicada em 2018, 48% das mulheres que trabalham fora de casa, nos Estados Unidos, já foram vítimas de abordagens indesejadas de cunho sexual no ambiente profissional, segundo pesquisa realizada pelo próprio jornal, em 2017.


Evidentemente, essa forma de violência provoca danos às mulheres, como redução da confiança, medo de represálias em caso de rejeição ao assediador, vontade de evitar contatos com o assediador e outros membros da equipe, esforço para não chamar atenção, vergonha e culpa.


Todos esses sentimentos afetam a produtividade das funcionárias, o que significa um prejuízo para a carreira das vítimas, mas também para a empresa, que vê parte da sua força de trabalho render menos do que poderia.


Além disso, quando esses abusos levam a demandas de investigação interna ou mesmo a processos na Justiça, as perdas financeiras para a companhia tornam-se ainda mais concretas. Segundo um relatório da Comissão para Oportunidades Iguais de Emprego, ligada ao governo americano, as empresas do país perderam quase 700 milhões de dólares, entre 2010 e 2016, só com acordos de pré-litígio, ou seja, com indenizações por denúncias de assédio em seus espaços de trabalho.


O cálculo não inclui as perdas indiretas, como queda na produtividade, tempo gasto pelo setor jurídico e rotatividade de funcionários, além dos danos difíceis de calcular à imagem de uma empresa que fica rotulada como conivente com o assédio.


A gigante tecnológica Google, por exemplo, passou por um problema desse tipo, em 2018, e precisou tomar medidas para mostrar que efetivamente atua contra o assédio em seus escritórios.


As funções dos aplicativos contra o assédio no trabalho

Diante dos custos elevados que a cultura dos abusos pode ter e da consolidação de uma percepção social de que a violência contra a mulher é inaceitável, os aplicativos contra o assédio no trabalho surgiram com a promessa de facilitar a prevenção a esse tipo de violência.


Algumas das ferramentas funcionam como um hotline virtual, ou seja, desempenham o mesmo papel das linhas telefônicas para denúncias de assédio, disponíveis em muitas companhias, mas em um ambiente virtual. Isso encorajaria as vítimas a prestar queixa, por garantir maior confidencialidade e menor exposição do que em um contato por voz.


Outras atuam como consultorias independentes, para que funcionárias e funcionários que não sabem como agir em situações em que se sentem desconfortáveis possam conversar com alguém que não trabalha em sua empresa e é especializado em ouvir e aconselhar outras pessoas sobre esse assunto.


Veja a seguir alguns dos aplicativos contra o assédio no trabalho que operam nos Estados Unidos.


tEquitable

Fundada por Lisa Gelobter, uma executiva negra do setor de TI que estava cansada de ouvir comentários questionando se uma mulher seria capaz de acompanhar reuniões a respeito de assuntos técnicos, a startup oferece uma plataforma virtual e uma linha telefônica para funcionários que desejam denunciar casos de assédio ou discriminação.


A vantagem desta forma de serviço em relação a um canal de denúncias administrado pelo RH da própria empresa é que, com o atendimento externo, os funcionários tendem a se sentir mais seguros de que não sofrerão represálias e de que seu caso não será compartilhado com quem não precisa estar envolvido.


As companhias que assinam o serviço também recebem dados sobre a frequência e a gravidade das denúncias, para que possam identificar padrões e agir, se for necessário. Por exemplo, se um departamento específico de uma grande empresa reúne várias denúncias ou se algumas das denúncias graves se referem a um mesmo chefe, a empresa pode averiguar com mais agilidade e com dados concretos se aquele empregado está de fato agindo de maneira inadequada. O tEquitable tornou-se um dos aplicativos contra o assédio no trabalho mais populares dos Estados Unidos.


All Voices

Essa companhia surgiu no fim de 2017, no auge das denúncias contra o poderoso produtor de cinema Harvey Weinstein, e foi impulsionada justamente por uma executiva do setor de entretenimento, Claire Schmidt, ex-vice-presidente da Twentieth Century Fox.

Ela criou um site e um app que permitem aos empregados de uma empresa relatar qualquer problema que eles tenham vivido ou visto no ambiente de trabalho, relacionado a assédio sexual, assédio moral, discriminação.


Por meio de um questionário estruturado e que pede aos denunciantes que não mencionem nomes de outras pessoas, o aplicativo recebe inclusive relatos de questões ligadas à cultura da empresa, ou seja, a denúncia não precisa se relacionar a um caso específico, mas a uma sugestão de melhoria no ambiente de trabalho para que os funcionários sintam-se mais seguros. As mensagens são enviadas para o CEO da empresa e os membros do Conselho, para que eles possam agira rapidamente.  


“Nosso objetivo é ajudar as companhias a criar culturas corporativas seguras e saudáveis, com menor turnover e absenteísmo e maior a capacidade de prevenir problemas antes que se tornem sistêmicos. Nós permitimos aos líderes da empresa que eles identifiquem os problemas em tempo real e oferecemos recursos para ajudar a resolver as questões que foram identificadas”, define a empresa em seu site.


Bravely

O Bravely oferece um coach virtual a profissionais que estejam precisando de alguém que escute seus problemas e ofereça conselhos sobre como agir em situações que afetem seu desempenho no trabalho.


Os especialistas da startup, segundo a própria empresa, são pessoas com experiência em Recursos Humanos e desenvolvimento de carreira, que passam por um treinamento na metodologia que a própria companhia criou sobre como contribuir para resolver conflitos, estimular o diálogo produtivo ou lidar com denúncias de assédio sexual, assédio moral ou discriminação, por exemplo.


Quando uma organização assina esse aplicativo, seus empregados podem conversar com os especialistas por um app semelhante ao whatsapp. A Bravely não substitui o RH, obviamente, mas, ainda de acordo com seu anúncio, complementa o trabalho desse departamento.

Botler AI

Essa startup canadense criou “um robô que ajuda as empresas a lidar com questões legais”, como define um de seus fundadores, o iraniano Amir Morajev, que vive em Montreal.

Ele enfrentou alguns problemas jurídicos em seu processo de imigração para o Canadá e, para encontrar uma luz para seu caso, criou um programa que identificava outros casos legais parecidos com o seu.


Quando o movimento Me Too estourou, porém, Morajev e a outra co-fundadora da empresa, Ritika Dutt, decidiram que o robozinho poderia ajudar as vítimas de assédio a identificar se seu caso tem base legal para se transformar em um processo na Justiça. A(o) usuária(o) insere informações sobre seu caso e o sistema compara os dados com os de milhares de processos nos Estados Unidos e no Canadá.


O robô foi desenhado de forma a aprender a cada caso, por isso, ele vai identificando cada vez melhor se o relato é semelhante a outros relatos que resultaram em indenizações, por exemplo, e com base em que conceitos jurídicos. Isso facilita que a vítima saiba se deve ou não procurar um advogado e chegue melhor informada à conversa.


Os custos de contratar um advogado, nesses países, pode ser proibitivo, por isso, o aplicativo contribui para uma decisão sobre se a(o) usuária(o) deve seguir adiante na tentativa de judicializar o caso. A reportagem abaixo, da Fox News, explica como o app funciona.


Stopit

A empresa oferece um aplicativo para que alunos de colégios nos Estados Unidos reportem problemas como violência, discriminação ou bullying no ambiente escolar, de forma anônima.


A ferramenta foi adotada por escolas, como essa que aparece na reportagem abaixo, no Texas. Depois de criada, a ferramenta estendeu-se ao mundo corporativo e ampliou a lista dos aplicativos contra o assédio no trabalho.


Empresas podem assinar o app e oferecer a seus funcionários um canal externo de denúncias de assédio sexual e outras formas de abuso.


No Brasil, startup certifica empresas que combatem o assédio

Enquanto os aplicativos contra o assédio no trabalho ganham espaço nos Estados Unidos, uma startup brasileira tem se dedicado a contribuir com empresas e estabelecimentos que querem prevenir o assédio em seus espaços de trabalho de consumo.


Fundada pela jornalista Ana Addobbati, a Women Friendly atua nas áreas de certificação e consultoria, acompanhando o trabalho da companhias e orientando sobre medidas que elas podem implementar para tornar seus ambientes mais seguros para as mulheres.


Em parceria com o Veduca, a Women Friendly criou o curso online Assédio Sexual: Prevenção e Combate, disponível no site de cursos. A partir da análise de conceitos, práticas e casos reais de assédio sexual em diversos contextos – no trabalho, na rua, na escola, com conhecidos – os vídeos e os materiais complementares contribuem para que indivíduos e empresas saibam como evitar, identificar e denunciar abusos.


Veja abaixo um vídeo sobre o curso.


Saiba mais sobre aplicativos contra o assédio no trabalho


Outra startup que criou aplicativos contra o assédio no trabalho, a Brave Better, oferece serviços como um canal de contato com psicólogos e advogados. Gratuitamente, a companhia também dá acesso a guias (em inglês) para alvos de assédios e para aliados.


O Blog do Veduca reuniu, em um álbum de fotos, 32 imagens e dados para quem quer entender melhor o cenário do assédio sexual no Brasil e no mundo.

Créditos das fotos


Foto da chamada (mulher usa computador): rawpixel no Unsplash Veja a foto aqui

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